O WhatsApp tem cerca de 1,5 bilhão de usuários pelo mundo, 120 milhões deles no Brasil. A oportunidade de se comunicar de forma mais acessível e ágil não vale apenas para pessoas físicas, porém. Serve também para empresas que surfam na onda da “economia do WhatsApp.”
É o caso da startup curitibana OmniChat. Com pouco menos de quatro anos de vida, o empreendimento já atende cerca de 200 empresas que buscam atender e vender melhor por chats online – e a maioria está de olho no aplicativo de mensagens.
“O WhatsApp se tornou um substituto do telefone. As pessoas preferem interagir com negócios dessa forma, sem interromper o que estão fazendo. A comunicação também é mais rica, com a possibilidade de incluir fotos, imagens e links”, diz Flávio Negrão, fundador da OmniChat.
A startup acabou de conquistar um investimento semente na faixa de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões, divulgado com exclusividade para Pequenas Empresas & Grandes Negócios. O objetivo com os recursos é triplicar o faturamento em 2020, mesma proporção vista no ano anterior.
Ideia de negócio: comércio eletrônico conversacional
A OmniChat surgiu em Curitiba (Paraná) no ano de 2017. A startup ataca um problema de atendimento comum das empresas: profissionalizar as vendas por meio de conversas online (chats), como as mensagens trocadas pelo aplicativo WhatsApp.
O empreendedor trabalhou em empresas de telefonia, como GVT/Telefônica Vivo, e depois se mudou ao exterior para fazer projetos de arquitetura de software. Junto ao hoje sócio-investidor Maurício Trezubi, que tinha experiência em comércio eletrônico, percebeu como a venda demorava e poderia não acontecer no e-commerce. Enquanto isso, o WhatsApp crescia.
Dessa percepção de oportunidade surgiu a OmniChat, uma plataforma para o comércio eletrônico conversacional, ou conversational e-commerce. Por meio da startup, as empresas fazem a gestão do atendimento e das vendas por chats online.
A OmniChat conecta sistemas de administração dos negócios e meios de pagamento à plataforma, centralizando o estoque e o histórico de transações financeiras possibilitadas pelas conversas virtuais.
Por mais que a OmniChat atue também com e-mail e SMS, nove a cada vez casos atendidos pela OmniChat são para o mensageiro WhatsApp. A startup permite que de três a 200 atendentes usem o mesmo número para realizar atendimentos e vendas. Isso se faz pela versão para empresas do mensageiro, chamada WhatsApp Business.
Por mais que seja gratuita, fazer a implantação e conectar o aplicativo aos sistemas de gestão já existentes é um desafio. “Há uma dificuldade de gestão: por exemplo, cadastrar diversos telefones; conseguir controlar a qualidade do atendimento e da venda; e colher métricas interessantes”, diz Negrão.
Segundo o fundador, a transformação de um contato em vendas (conversão) é de 20% com o uso da Omnichat. Na loja física essa mesma taxa seria de 40%, enquanto no comércio eletrônico comum seria de apenas 2%. Portanto, a startup aproxima o e-commerce do poder de convencimento de um vendedor presencial.
A OmniChat atende 200 empresas, como a rede de pizzarias Domino’s, a Magazine Luiza Consórcios e a rede de construção Telha Norte.
Em 2019, R$ 60 milhões foram transacionados por meio da plataforma. Como modelo de monetização, a startup cobra uma taxa fixa mais um adicional por funcionário cadastrado em sua solução.
Investimento semente e próximos passos
A OmniChat anunciou com exclusividade à Pequenas Empresas & Grandes Negócios a captação de um investimento semente (ou seed) na faixa de R$ 1 milhão a R$ 2 milhões. O aporte foi realizado pela Honey Island Capital.
O fundo, antigamente chamado de Hi Capital, tem como sócios os fundadores da startup curitibana de processamento de pagamentos Ebanx. O Ebanx é o primeiro unicórnio, ou startup com avaliação de mercado bilionária, da região Sul do país. A Honey Island Capital já soma oito startups investidas e conta com R$ 6 milhões a serem investidos nos próximos dois anos.
“É um fundo de empreendedores. Como eles já passaram pelo que estamos passando, são fundamentais para acelerar nosso crescimento”, diz Negrão. Acompanharam o investimento fundos e empreendedores locais, como o veículo GooD-z e os empreendedores Alessio Alionço (Pipefy) e Jadson Siqueira (AlfaCon). Anteriormente, a OmniChat só havia recebido recursos dos próprios sócios.
O investimento semente será usado para desenvolvimento de produtos e para marketing e venda da plataforma. Os 25 funcionários devem se tornar 75 até o final deste ano.
Também em 2020, a OmniChat deverá incluir as redes sociais Facebook e Instagram em seu portfólio.
Outra frente de expansão está no atendimento por robôs, ou chatbots: a startup está realizando um piloto de atendimento 100% automatizado em 600 unidades da Domino’s. Os chatbots já respondem perguntas simples e estão em fase beta de testes, para pedidos de pizza. A OmniChat também trabalha com robôs para revisão veicular.
“As empresas precisam atender o cliente por qualquer canal que ele queira, o que se conhece como omnichannel. Como as pequenas podem cumprir essa expectativa sem triplicar o quadro de funcionários? Aí surge a automatização, que pode tirar de 20% a 30% da necessidade de atendimento humano”, diz Negrão.
A OmniChat triplicou seu faturamento em 2019 e espera repetir a proporção em 2020. A projeção é mediar R$ 600 milhões em vendas transacionadas pela plataforma. Parte desse valor virá do charme dos robôs-vendedores.
Revista Pegn Pequenas Empresas & Grandes Negócios.