Diante da crise financeira no país, decorrente da restrição das atividades para contenção do novo coronavírus, muitos brasileiros estão migrando para o empreendedorismo por necessidade.
Segundo o boletim quadrimestral Mapa das Empresas, do Ministério da Economia, nos primeiros meses de isolamento social houve um leve recuo na quantidade de novas empresas, mas a atividade já voltou a crescer.
Em junho, com o início da reabertura, mais de 264 mil negócios foram abertos no Brasil, de acordo com a pasta. Foram cerca de 61 mil a mais do que no mês anterior e por volta de 22 mil a menos do que em março, antes do impacto da quarentena.
O relatório mostrou que nos primeiros meses de restrições à circulação de pessoas, houve uma desaceleração na criação de firmas. Em abril, foram 85 mil novos negócios a menos do que em março. Para os pesquisadores, apesar de o dado apontar uma maior cautela dos empreendedores frente à crise do coronavírus, o mercado permaneceu aquecido.
“A pesquisa mostra que, a despeito de todos os problemas, o brasileiro continua empreendendo como forma de enfrentar a crise”, disse André Santa Cruz, diretor do Departamento Nacional de Registro Empresarial e Integração (Drei).
Ao longo de todo o primeiro quadrimestre de 2020, foram abertas mais de um milhão de firmas, o que mostra um crescimento de pouco mais de 1% em relação ao período anterior. Ao mesmo tempo, foram fechadas 351 mil empresas, ou 6% a menos do que no último quadrimestre de 2019.
Mesmo que os resultados revelam um saldo positivo de 680 mil empresas abertas, ainda é cedo para avaliar os impactos da pandemia na atividade empreendedora, já que os dados não consideram os meses de maio a agosto, que serão divulgados no próximo boletim.
Até agora, porém, é possível notar que maio e junho já recuperaram o patamar de meses como fevereiro.
Entre janeiro e junho deste ano, o número de pessoas inscritas nos cursos do Sebrae já superou o volume do ano passado inteiro e atingiu um recorde de 1,5 milhão. Entre os principais temas procurados pelos empreendedores, estão o comércio digital, o marketing para redes sociais e formas de implantar serviços como as entregas.
Para a professora do MBA da Fundação Getulio Vargas (FGV), Maria Candida Torres, o empreendedor já começou a perceber que o cliente não existe só fisicamente e que agora ele está consumindo por meios que ele não comprava antes.
Por isso, os pequenos e médios empresários já estão se adaptando às tendências e procuram as áreas mais aquecidas para iniciar o próprio negócio, explica o diretor do Sebrae.
“Tem muita gente fazendo nossos cursos para aprender a vender pelo WhatsApp, reduzir custos, negociar com fornecedores e aprender novas formas de se relacionar com o cliente”, relata. https://www.contabeis.com.br/